OMS declara o fim da emergência internacional do coronavírus
06-05-23
Chegou o momento que o mundo estava à espera. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o fim da emergência internacional do coronavírus. O Director-Geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, tomou a decisão depois de ter sido recomendado pelo Comité de Emergência.
Há 1.221 dias, a Organização Mundial de Saúde declarou uma emergência de saúde pública de âmbito internacional devido ao surto de Covid-19. Nessa altura, fora da China, havia menos de 100 casos registados e nenhuma morte. Nos três anos que se seguiram, foram registados quase sete milhões de mortes, mas a OMS sublinha que "o número de mortos é de pelo menos 20 milhões", lamenta Tedros Adhanom.
"Ontem, o Comité de Emergência reuniu-se pela 15ª vez e recomendou que eu declarasse o fim da emergência de saúde pública de âmbito internacional", afirma o director-geral da OMS. "Aceitei o conselho", acrescenta. No entanto, sublinha que, se a situação actual se alterar, não hesitará em restabelecer o alerta.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) vai utilizar uma disposição do Regulamento Sanitário Internacional que nunca tinha sido utilizada antes para criar um Comité de Revisão para desenvolver recomendações permanentes a longo prazo para os países sobre a forma de gerir a Covid-19 de forma contínua. "Este é um momento de celebração", diz o director executivo.
Esta notícia não é sinónimo de vitória. "O cansaço da pandemia ameaça-nos a todos. Estamos fartos desta pandemia e queremos pô-la para trás das costas, mas este vírus veio para ficar e todos os países terão de aprender a geri-lo juntamente com outras doenças infecciosas", sublinhou Tedros Adhanom há alguns dias. "Não haverá um momento em que a OMS diga que a pandemia acabou", acrescenta o Director de Emergências Sanitárias da Organização Mundial de Saúde, Michael Ryan.
Existem ainda algumas incertezas críticas sobre a evolução do vírus que tornam difícil prever como será a futura transmissão do Coronavírus. O facto de a vigilância e a sequenciação genética terem diminuído significativamente em todo o mundo dificulta o rastreio das variantes conhecidas e emergentes. "A pior coisa que um país pode fazer é utilizar esta notícia como uma razão para baixar a guarda, desmantelar os sistemas que construíram ou enviar uma mensagem à sua população de que a Covid-19 não é uma preocupação", afirma Tedros Adhanom.
As chaves para o fim da emergência
O presidente do Comité de Emergência, Didier Housin, apresentou uma série de pontos-chave que levaram ao fim da emergência sanitária. Em primeiro lugar, afirma que, embora o vírus ainda esteja a circular, não se trata de uma nova doença. Além disso, embora existam lacunas em alguns países em termos de vigilância, notificação de casos e cuidados de saúde, "a situação melhorou significativamente, com uma mortalidade mais baixa e um nível mais elevado de imunidade contra o vírus, imunidade induzida por vacinas ou natural, e um melhor acesso a diagnósticos, vacinas e tratamentos".
Em segundo lugar, os especialistas consideram que é altura de mudar o instrumento e abandonar o nível de emergência de saúde pública. O comité está empenhado em encontrar um instrumento melhor e mais adaptado. "É uma questão de fazer recomendações permanentes e não apenas recomendações temporárias. Essas recomendações permanentes permitirão uma melhor integração da avaliação e da gestão dos riscos relacionados com a doença", afirma Housin.
Outra razão para anunciar o fim da emergência é que os membros do comité estão convencidos de que é possível à OMS enviar mensagens aos Estados-Membros e ao público de que a transição de um estatuto para outro não é indicativa de "baixar a guarda".
Ontem, a agência de saúde afirmou que, nas últimas dez semanas, o número de mortes semanais foi o mais baixo desde o início da pandemia. "Esta tendência sustentada permitiu que a vida voltasse ao normal na maioria dos países e aumentou a capacidade dos sistemas de saúde para lidar com potenciais ressurgimentos e com o fardo da doença pós-coronavírus", afirmou o director-geral.
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